24 de julho de 2014
O que os corrompidos meios de comunicação brasileiros e internacionais
não dizem
Mantido em silêncio
pelos órgãos de informação submetidos aos interesses da política
belicista dos Estados Unidos e dos delírios genocidas de Netanyahu, o
acordo de paz proposto pelo Hamas e a Jihad Islâmica foi ‒ como se
previa ‒ recusado por Israel.
Segundo o diário hebreu
Maariv, uma fonte importante palestina confirmou que o Hamas e a Jihad
Islâmica estariam dispostos a assinar uma trégua de 10 anos com o
governo de Tel-Aviv uma vez satisfeitas dez demandas consideradas
essenciais para a autonomia de Gaza. São elas:
1. A retirada dos
tanques militares de Israel da área da cerca da fronteira, de forma a
permitir que os agricultores de Gaza possam ter acesso aos seus campos
de plantação para cultivá-los.
2. A libertação de todos
os prisioneiros palestinos que foram detidos depois do sequestro e morte
dos três adolescentes judeus na Margem Ocidental, inclusive daqueles que
haviam sido soltos como compensação pela liberação de Gilad Shalit. Por outro
lado, Israel também deve assumir o compromisso de proporcionar um melhor
tratamento aos outros prisioneiros sob sua custódia.
3. O fim do sufocante
cerco do enclave costal, com a reabertura de todos os postos de
fronteira e a permissão de entrada de materiais de construção e dos
equipamentos para a construção de uma usina de força necessária para
prover energia elétrica à Faixa de Gaza.
4. A abertura de um
aeroporto e um terminal marítimo internacionais na região, a serem
administrados e monitorados pelas Nações Unidas.
5. O Hamas e a Jihad
Islâmica exigem também o aumento da área pesqueira de Gaza para 10
milhas náuticas e a permissão para que os pescadores da região possam
usar barcos maiores.
6. A passagem de Rafah ‒
entre o Egito e a Faixa de Gaza ‒ deverá a partir de agora ser
monitorada por uma comissão internacional composta por membros de nações
árabes amigas.
7. Uma das condições
para a trégua ‒ proposta para um prazo de dez anos ‒ seria a proibição
do tráfego aéreo de aviões israelenses sobre o território palestino.
8. Por sua vez, o todo
poderoso governo de Israel deverá permitir aos moradores de Gaza visitar
Jerusalém e orar na mesquita de Al-Aqsa.
9. O Estado judeu deverá
também se abster de exercer qualquer interferência nos assuntos internos
palestinos, inclusive por meio de acordos políticos, propostas de
reconciliação e todas as suas consequências.
10. Por último, a área
industrial de Gaza deveria ser restabelecida.
A pergunta que emerge é
muito simples: dado o caráter bastante razoável das propostas porque é
que eles não foram sequer consideradas pelo governo "democrático" de
Netanyahu?
A resposta não poderia
ser outra: representando o mais monstruoso pensamento sionista, o
primeiro-ministro de Israel alimenta apenas o a extinção completa dos
palestinos e a expulsão dos poucos sobreviventes para a Jordânia, a
Síria e Líbano como foi já foi mencionado diversas vezes anteriormente.
A mais recente invasão
de Israel em Gaza produziu, no entanto, fatos novos. A matança
desenfreada de mulheres e crianças e a destruição sistemática de prédios
residenciais, hospitais, escolas, mesquitas, abrigos das Nações Unidas e
ambulâncias de socorro às vítimas não parece estar produzindo os
resultados desejados tanto no plano político quanto no ânimo da
população, que continua resistindo a despeito de todo o sofrimento.
De outra parte, o
aparente inexpugnabilidade do Estado judeu ‒ protegida pelo seu Domo de
Ferro ‒ foi por diversas vezes quebrada pelos foguetes lançados pelos
palestinos, sem porém causar muitos danos. Segundo o escritor Gilad
Atzmon, o objetivo do Hamas não é ‒ ao contrário do propósito do
Exército de Defesa de Israel ‒ provocar mortes na população mas apenas
mostrar que a inviolabilidade dos hebreus é na verdade um mito
alimentado pelos seus dirigentes belicistas para acirrar militarmente o
conflito.
Israel se vê agora na difícil situação em que ‒ após ter fabricado
artificialmente as condições para o conflito ‒ talvez seja obrigado a
aceitar uma solução que não desejava.
Sérvulo Siqueira
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