Complô em Novembro
A história é a de uma conspiração para depor o Presidente dos Estados Unidos, tramada por membros da Legião Americana, organização de extrema-direita. Um detetive particular - personagem típico da cultura americana e misto de aventureiro e self-made man — se intromete na trama e, a despeito de suas próprias convicções políticas, acaba enredado num jogo de poder envolvendo os figurões de Los Angeles. As ilações podem ser claramente deduzidas: a realidade econômica e social dos Estados Unidos após a Depressão, vista através de uma perspectiva que parece herdada dos romances de Dashiel Hammett e dos filmes de John Huston. Produzido pela Universal e distribuído pela CIC (Cinema International Corporation), o filme à primeira vista parece ter vinculações com a vaga de "nostalgia" que recentemente buscou recriar na tela, sem muito sucesso, O grande Gatsby, belíssima novela de Fitzgerald que descreve as aventuras de um empresário e especulador após a grande Depressão americana. Num outro sentido, Complô em Novembro parece imitar Chinatown, sem a mise-en-scène de Roman Polanski ou a ironia do personagem representado por Huston. Há um sentido de volta, de regresso ao passado, de revisão histórica que procura realçar os valores de uma cultura baseada na força da ação individual. Temos, então, o private-eye, retomando a tradição do herói, que malgré lui-même, se sobrepõe ao contexto social em que está envolvido. Nos romances de Dashiel Hammett, que fundem trama policial com manobras políticas, as manchetes de jornal vão sendo desvendadas até atingir os bastidores do poder. Assim também acontece em The November Plan, que procura detectar o que o assassinato de um colunista de jornal pode ter a ver com uma conspiração política de generais e empresários pelo poder americano.
Sérvulo Siqueira
Publicada no jornal O Globo em 13 de maio de 1977 |