27 de outubro de 2014

O povo não foi bobo

 Os bancos, as grandes corporações que controlam há muito tempo este país, o agronegócio que espalha os pesticidas e cultiva sementes transgênicas, o oligopólio dos meios de  comunicação e a direita hidrófoba, Barack O'bomber e os neocons de Washington, os atlantistas da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (OTAN), George Soros e seu projeto de mais uma "revolução colorida" perderam uma importante batalha no dia de ontem. 

Vastos territórios brasileiros ‒ os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, todo o Nordeste e a maior parte da Amazônia, que ainda não foram integrados ao universo concentracionário dos conspiradores ‒ recusaram a aura fabricada de salvador da pátria do candidato Aécio Neves.

Agora, o Grande Irmão e aliados temem que suas táticas sejam reveladas e começam a preparar a derrubada do governo eleito. Os barões decadentes da mídia receiam perder o poder econômico de que ainda desfrutam se os privilégios que acumularam por tanto tempo lhes forem retirados.

Como foram movidos em alguns momentos por desespero e  ‒ ao usar todas as armas de que dispunham na campanha eleitoral que se encerrou ‒ se esqueceram de um sábio princípio da Arte da Guerra, sabem que podem levar os vitoriosos a adotar medidas de prevenção e a propor um novo marco regulatório para os meios de comunicação que imponha mais ética ao exercício da atividade e limites ao seu poder econômico.  

Um pouco assustados mas ainda assim sem perder o seu poder maléfico, propagam o argumento de que o país está dividido, o que prepara o terreno para uma possível insurreição popular que leve à derrubada do atual governo num futuro próximo. 

Por outro lado, deixam de considerar que muitos daqueles que votaram na candidatura de Aécio Neves‒ e não apenas no estado de São Paulo, onde se concentrou o núcleo da ocultação da informação, especialmente no caso da falta d'água ‒ o fizeram enganados pela grande mídia, que sonegou dados essenciais para o melhor conhecimento do caráter e das qualidades de administrador do candidato derrotado.

No momento em que os eleitores perceberem que foram clamorosamente enganados e que o candidato que escolheram foi e continua sendo uma fraude montada apenas com o intuito de tomada do poder, uma parte considerável dos mais de 50 milhões que sufragaram Aecinho poderá se voltar contra aqueles que os iludiram.

Como sabemos, uma equação tanto presente na política quanto na vida cotidiana das pessoas é que quando alguém que escolhemos como aliado nos trai, o seu adversário pode passar a ser visto como nosso amigo.

De fato, isto poderá correr claramente no momento em que a mídia for obrigada a se reger por normas de comportamento baseadas na ética e na equidade e em que fatos da vida pregressa do candidato derrotado vierem à luz.

No epicentro de todo o eixo conspiratório se encontra a Rede Globo que ‒ como representante máximo do Grande Irmão no Brasil ‒ encarna de forma emblemática a falta de honorabilidade, os interesses espúrios, o baixo nível moral e intelectual da grande imprensa escrita, falada e televisada do nosso país.

Ao tentar transformar uma derrota em vitória, este amplo leque de alianças da direita recusa-se a aceitar o resultado das urnas, aposta num país dividido e acredita que pode determinar a pauta de mudanças do próximo governo de Dilma Rousseff, para evitar que favoreça os mais humildes. 

Se o novo governo não assumir de imediato o comando do processo político, há o risco do surgimento de um clima de instabilidade no curto prazo.

Sérvulo Siqueira