14 de março de
2013
Estratégias da direita na Venezuela e no Brasil
A
política norte-americana, depois de conspirar para matar Hugo Chávez, se
empenha agora em transformar lobos em cordeiros, apresentando notórios
políticos de direita que já foram rejeitados várias vezes pela população
de seus países como verdadeiros democratas comprometidos com mudanças
sociais.
Enquanto na Venezuela o candidato Henrique Capriles Radonski, um
político sem nenhum escrúpulo e qualquer envergadura moral ou
intelectual ofende a população e a memória de Hugo Chávez ao nomear
Simón Bolívar como patrono de sua campanha, no Brasil o PPS (Partido
Popular Socialista), chamado popularmente de Partido Pseudo-Socialista,
uma legenda de aluguel que vem se prestando aos mais inconfessáveis
propósitos políticos e pessoais, planeja criar um frentão de direita
para combater a candidatura oficial.
Na
Venezuela, depois de atingir a família do presidente falecido, o
ministro da Defesa e a população que chora a perda de seu líder,
Capriles propõe agora que seu opositor Nicolás Maduro fique impedido de
se referir a Hugo Chávez, criador da revolução bolivariana e
patrocinador da candidatura de Maduro. No Brasil, Roberto Freire, um
verdadeiro dinossauro da nossa política, ex-estalinista nos tempos do
socialismo real da União Soviética, hoje inteiramente convertido à
cartilha neoliberal, segue a linha trilhada por seu antigo camarada
italiano Massimo D'Alema − defensor da invasão americana do Afeganistão
e das ações militares da OTAN, aliado do banqueiro Monti e de sua
política de cortes dos benefícios sociais e de privatização do Estado −
e costura uma aliança de "esquerda democrática" que pretende congregar o
ex-governador e neto de Tancredo Neves, Aécio − homem afeito a libações
alcoólicas e outros estupefacientes, a ex-seringueira e hoje adepta do
ecocapitalismo Marina Silva, o anti-gay e anti-aborto e hoje beato José
Serra, e o neto de Miguel Arrais, Eduardo Campos, novo delfim aspirante
a presidente. A esta lista não poderiam faltar o ex-presidente vendilhão
da pátria Fernando Henrique Cardoso e o ex-guerrilheiro e defensor da
tanga Fernando Gabeira, aos quais somente restou como bandeira política
a defesa da legalização da maconha.
Tudo
isto pareceria inteiramente destrambelhado se não fosse minuciosamente
planejado. Com o mesmo cinismo do seu aliado na Venezuela, pretendem
vender gato por lebre e convencer agora os eleitores que políticas
retrógradas como a abolição de conquistas sociais longamente acalentadas
são bandeiras da esquerda mais avançada, da qual naturalmente esses
políticos tão "progressistas" alegam fazer parte.
Fica
cada vez mais claro que estas figuras tantas vezes rejeitadas pela
população não desejam estabelecer um debate produtivo, mesmo porque já
foram publicamente desmoralizados todas as vezes que o tentaram. Sua
tática parece seguir um roteiro ditado pela estratégia de seus patrões
do império norte-americano, que consiste em criar uma atmosfera de caos
que leve a uma guerra civil ou, ao menos, a um clima de
ingovernabilidade no país.
No
caso específico da Venezuela, um país com uma tradição de instituições
ainda mais frágeis do que as do Brasil, o objetivo do governo americano
seria a instauração de um cenário semelhante ao da Síria, com a
infiltração de paramilitares colombianos e de mercenários de outros
países e o translado de farto material bélico dotado de grande
capacidade destrutiva.
Tanto no Brasil como na Venezuela, esses ardis parecem condenados ao
fracasso. Na Venezuela, Nicolás Maduro acaba de oferecer proteção a
Capriles Radonski para proteger a sua vida, o que dá bem a dimensão do
apreço que a direita tem pelo seu candidato. No Brasil, como mencionou o
deputado Ciro Gomes, o candidato do PT − seja ele Dilma ou Lula − não
terá grandes dificuldades em se eleger porque este saco de gatos furado
"não tem nenhuma proposta política".
Sérvulo Siqueira |