10 de outubro de 2015
A
imprensa brasileira e a desinformação
Como já era de se esperar a imprensa brasileira ─ corrupta e
submissa aos seus patrões do Norte ─ não vem noticiando que
os acordos da nova parceria norte-americana que estão sendo
celebrados com mais de 50 países da América Latina, Europa e
Ásia não incluem os membros do BRICS e, portanto, excluem o
Brasil.
Como os acordos que vão levar à TPP (Acordo Estratégico
Transpacífico de Associação Econômica), à TTIP (Acordo de
Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento) e à TISA
(Acordo Sobre o Comércio de Serviços) foram mantidos em
segredo e os termos da sua negociação permanecem até agora
sigilosos, foram mobilizados vastos recursos financeiros que
irão possibilitar o pagamento de propinas e subornos àqueles
que tiverem acesso ao conteúdo secreto dos seus termos,
assim como aos governantes que os assinarem.
O objetivo destes acordos é fazer com que economia
norte-americana ─ que já foi responsável pela produção de
mais da metade dos bens e serviços consumidos no planeta e
agora se vê ameaçada pela ascensão da China ─ volte a
desfrutar da posição que ocupou durante a segunda metade do
século 20.
Para tanto, os ianques não hesitaram em passar por cima da
ONU (Organização das Nações Unidas) e dos acordos
implementados pela Organização Mundial do Comércio (WTO, por
sua sigla em inglês) que ─ ao menos formalmente ─ visavam
preservar o livre comércio entre os países.
Aqueles que tiveram a oportunidade de ter acesso à parte dos
termos contidos nos documentos consideram que seu objetivo é
produzir uma completa reorganização da economia mundial em
que os governos não terão sequer a mesma importância que
ocuparão as multinacionais, especialmente as
norte-americanas.
Pequenas empresas, direitos trabalhistas adquiridos ao longo
de séculos de lutas, o cultivo da terra sob formas
tradicionais (para dar lugar aos transgênicos) e até a
distribuição dos espaços urbano e rural serão descartados
para que se produza uma reorganização do planeta concebida
sob a égide do grande capital financeiro e industrial.
Espera-se que ocorra num prazo muito curto um amplo debate
nos países signatários destes sinistros acordos, cujo
conteúdo é inteiramente desconhecido pela população e que
terá que ser necessariamente aprovado pelos seus
parlamentos. A primeira manifestação acaba de ocorrer em
Berlim, na Alemanha, onde mais de 250 mil pessoas saíram
ontem às ruas em protesto contra sua concretização.
O que pensarão muitos dos coxinhas que propõem
histericamente o impeachment da presidente quando
descobrirem que foram banidos do paraíso capitalista
neoliberal pelo todo poderoso deus americano?
Sérvulo Siqueira |