5 de junho de 2013
A fábula do presidente negro e da presidenta búlgara
Era uma vez um presidente negro muito astuto e uma presidenta búlgara
muito ambiciosa e vaidosa.
O presidente negro tinha muitos exércitos e bases militares em um grande
número de países e a presidenta búlgara tinha um país com muitas
riquezas para serem exploradas mas possuía um pequeno exército e um povo
pobre.
A parte mais rica deste povo pobre gostava muito de ir visitar o país do
presidente negro para conhecer as suas diversões e comprar os seus
produtos.
Somente alguns habitantes do país da presidenta búlgara recebiam
permissão para ir conhecer as riquezas do país do presidente negro.
Como o presidente negro ambicionava se tornar dono das riquezas do país
da presidenta búlgara, para poder sustentar os seus exércitos e bases
militares, concebeu então o seguinte plano:
− Vou propor à presidenta búlgara que todo e qualquer cidadão do seu
país que queira visitar o meu território tenha esse direito.
Para conquistar o coração da presidenta búlgara − e sabendo que ela era
muito vaidosa − fez proclamar em todas as partes que a mandatária era a
mulher mais poderosa do mundo.
A presidenta búlgara se embeveceu então, deslumbrada com a notícia, e
não cabendo mais em si de contentamento, pensou assim:
− Se eu sou a mulher mais poderosa do mundo, posso fazer tudo o que
quiser!
E antes mesmo que o presidente negro concretizasse o seu plano, passou
então a distribuir todas as imensas riquezas da nação. Como havia sido
tão elogiada pelo presidente negro, começou logo a lhe dar todas as
riquezas do subsolo do país. Entregou-lhe assim o petróleo, os minerais
mais preciosos e também as suas ricas florestas.
As pessoas então comentavam:
− Ela deve ser mesmo muito poderosa porque pode entregar todas as
riquezas do país e ninguém protesta.
Na verdade, alguns poucos protestavam bastante mas não eram sequer
ouvidos porque a imprensa não falava quase nada.
Mas a presidenta búlgara ainda não estava plenamente convencida de que
era a mais poderosa e perguntava a seu espelho:
− Espelho meu, espelho meu, há alguma mulher mais poderosa do que eu?
E o espelho respondia com toda a sinceridade:
− Só há uma mulher mais poderosa do que você. A rainha Maldete, dos
Reinos Desunidos do Norte, é a mais poderosa do mundo.
O presidente negro ficou sabendo desta conversa e decidiu tomar outras
providências.
Planejou então que iria levar os jogos e diversões do seu país, que
estava situado no Norte, até a nação da presidenta búlgara, que ficava
bem distante no Sul. Esta, por sua vez, em retribuição a esse gesto tão
generoso decidiu construir muitas benfeitorias para receber aqueles que
viriam para assistir os tais jogos.
E tão alegre ficou que não hesitou em oferecer ainda mais presentes para
o presidente negro, que voltou a proclamar de forma altissonante que a
presidenta búlgara era a mulher mais poderosa do mundo.
O espelho, no entanto, quando consultado, continuava a insistir:
− A rainha Maldete, dos Reinos Desunidos, é a mulher mais poderosa do
mundo!
E assim foi por muito tempo. A presidenta búlgara continuou a doar todas
as riquezas do país até que não restou mais nenhuma. Por sua vez, o
astuto presidente negro não deixava de adular a presidenta vaidosa com
sua mentira esfarrapada.
Como a presidenta búlgara do país do Sul era na verdade um sapo, sua
vaidade a fez crescer tanto que um dia terminou por explodir. Não se
sabe o que aconteceu com seus destroços mas o certo é que o povo do seu
país continuou pobre e a viver em barracos nos morros e nas calçadas das
ruas das cidades do país.
O presidente negro do país do Norte voltou à sua forma de boi e ainda
hoje continua a enganar sapos vaidosos travestidos de presidentes de
países pobres com muitas riquezas, que também se julgam muito poderosos.
Sérvulo Siqueira
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