1º de janeiro de 2013

 

La mano en la trampa

 

A História se repete mais uma vez. Agora, é a direita venezuelana – mórbida, doentia, raivosa e assassina – que se apressa a comemorar antecipadamente um possível desaparecimento físico do presidente Hugo Chávez.

Exatamente como o fez há alguns anos atrás a direita cubana, que chegou inclusive a soltar fogos de artifício em Miami. Não conseguiu o seu intento, até porque o líder da Revolução Cubana está vivo até hoje e permanece ainda muito ativo como um arguto observador político.

Com seu espírito delinquente os nossos fascistas de arrabalde, encastelados nos soi-disant meios de comunicação e chamados por alguns de Partido da Imprensa Golpista (PIG), já se apressaram em colocar o presidente da Venezuela à beira da morte apesar das informações divulgadas de que ele caminha pelo quarto, conversa normalmente e se relaciona com as pessoas.

Naturalmente, para esta corja de malfeitores que tem contas a prestar ao povo e à justiça de seu país, esses fatos não devem ser sequer levados em consideração, especialmente quando se está tomado de ódio pelos seus adversários.

Barack Obama também não pareceu revelar qualquer sentimento de sensibilidade humana pela doença de seu adversário político, o que na verdade não deve surpreender ninguém porque, no caso, estamos tratando de alguém que bombardeia diariamente diversos países no planeta e mata indiscriminadamente opositores e civis, especialmente crianças, mulheres e idosos.

Segundo o site de fofocas UOL, em menos de 24 horas a saúde do presidente do país vizinho se agravou sem que nenhum comunicado oficial tenha confirmado este fato. Redigida, como sempre em linguagem crassa, com vários erros de português, a matéria extrai suas conclusões do fato de que as comemorações na capital, Caracas, foram canceladas e não leva em conta que a população se dirige às igrejas para rezar pela saúde de Chávez, como atestam as inúmeras imagens registradas no país.

Por outro lado e de forma subjacente, outros fatos começam a revelar intenções há muito acalentadas. Enquanto diversas autoridades discutem a possibilidade de que o presidente possa vir a não tomar posse no próximo dia 10 de janeiro para um novo mandato, em um cargo que ocupa há quase 14 anos, a velha direita reacionária e fascista que já perdeu quase todo o poder e o apelo popular trama um clima de perturbação da ordem pública que leve a uma situação de instabilidade política e econômica na Venezuela, país cujo PIB cresceu 5,5% nesse ano e vive um momento de estabilidade nas suas instituições.

Mesmo advertida por várias analistas de que não seria favorável no momento pescar em "águas turvas", ou seja, precipitar um desfecho rápido para a situação, há o risco de que a oposição venezuelana – especialmente o seu setor com características mais militaristas – possa decidir afrontar uma grande parcela da população e as Forças Armadas do país, que apoiam o presidente, e forçar uma solução mais radical que envolva uma maior perturbação da ordem constitucional. Poderão se dar muito mal e sofrer mais uma grande derrota.

De outra parte, há aqueles que pensam que o ressurgimento da doença do presidente venezuelano é apenas mais uma estratégia de guerra psicológica, uma nova variação de uma modalidade de guerra de quarta geração, técnica em que os norte-americanos se julgam muito competentes mas que na verdade tem sido praticada, embora de forma defensiva, pelo grande mentor político de Chávez, Fidel Castro, que já sobreviveu a mais de 560 tentativas de assassinato, todas elas comprovadamente a mando dos Estados Unidos da América.

Se esta hipótese se provar verdadeira, a oposição mais façanhuda da Venezuela poderá cair numa armadilha, uma trampa armada pelos dois principais líderes populares da América Latina, e se desmoralizar por completo.

  

 Sérvulo Siqueira